
Evolução biológica
UNICELULARIDADE E MULTICELULARIDADE
Dos Procariontes aos Eucariontes
Actualmente é praticamente consensual que todos os seres vivos podem ser agrupados em dois grandes grupos: os procariontes e os eucariontes. O principal critério de distinção entre estes dois grupos é a organização celular.
Numa perspectiva evolutiva, a vida terá evoluído a partir de organismos mais simples, os procariontes, dos quais terão surgido os eucariontes.Duas hipóteses, a autogénica e a endossimbiótica, apresentam mecanismos explicativos desta evolução.
HIPÓTESE AUTOGÉNICA
A Hipótese Autogénica admite que a célula eucariótica terá surgido a partir de organismos procariontes, por invaginações sucessivas de partes da membrana plasmática, seguidas de especialização. Essas invaginações terão acabado por se isolar, originando membranas internas.Este modelo é apoiado pelo facto das membranas intracelulares das células eucarióticas manterem a mesma assimetria que a membrana plasmática.
HIPÓTESE ENDOSSIMBIÓTICA
A Hipótese Endossimbiótica admite que as células eucarióticas são o resultado da associação simbiótica entre vários ancestrais procariontes. Este modelo defende que o sistema endomembranar terá surgido de invaginações da membarana plasmática e que as mitocôndrias e cloroplastos se desenvolveram a partir de células procarióticas que permanecerem em simbiose no interior de células procarióticas hospedeiras, resistindo à digestão.
MECANISMOS DE EVOLUÇÃO
Evolucionismo vs. Fixismo
Podem considerar-se duas perspectivas antagónicas sobre a origem das espécies que povoam actualmente a Terra: o fixismo e o evolucionismo.
FIXISMO
Durante séculos admitiu-se que as espécies surgiram tal como hoje as conhecemos e mantiveram-se imutáveis ao longo do tempo e das gerações, permanecendo independentes quanto à sua origem. Esta teoria fixista prevaleceu e, em alguns casos, ainda prevalece, fortemente apoiada por princípios religiosos.
Evolucionismo
É uma teoria elaborada e desenvolvida por diversos cientistas para explicar as alterações sofridas pelas diversas espécies de seres vivos ao longo do tempo, em sua relação com o meio ambiente onde elas habitam.Darwin pôde perceber ainda que entre espécies extintas e espécies presentes no meio ambiente havia características comuns. Isso o levou a afirmar que havia um caráter mutável entre as espécies, e não uma característica imutável como antes era comum entender. As espécies não existem da mesma forma ao longo do tempo, elas evoluem. Durante a evolução, elas transmitem geneticamente essas mudanças às gerações posteriores.
TEORIAS EVOLUCIONISTAS: LAMARCKISMO E DARWINISMO
Lamarckismo
Lamarck propôs o que se considera a primeira teoria explicativa dos mecanismos de evolução dos seres vivos.A Teoria de Lamarck baseia-se em dois princípios fundamentais:
lei do uso e do desuso – órgãos mais usados pelos seres vivos desenvolvem-se (hipertrofia) e aqueles que não são usados atrofiam; estas alterações conferiam aos seres vivos maior adaptação ao meio;
lei da transmissão dos caracteres adquiridos – as modificações adquiridas pelo uso ou desuso, são transmitidas à descendência.
Assim, segundo Lamarck, a evolução resulta de uma resposta dos seres vivos às solicitações do ambiente, através da qual adquirem ou perdem determinadas características e essas características são transmitidas à sua descendência.
Darwinismo
Os dois aspectos fundamentais da teoria de Darwin são:
as diversas formas de vida surgiram a partir de espécies ancestrais por modificações na descendência;
o mecanismo de modificação é a selecção natural, actuando ao longo de grandes períodos de tempo.
os seres vivos, mesmo os da mesma espécie, apresentam variações entre si;
as populações têm tendência a crescer em progressão geométrica (exponencialmente);
o número de indivíduos de uma espécie geralmente não se altera muito de geração em geração;
em cada geração uma parte dos indivíduos é naturalmente eliminada porque se estabelece uma “luta pela sobrevivência”, devido à competição pelo alimento, refúgio, espaço e capacidade de fuga aos predadores;
sobrevivem os indivíduos que estiverem mais bem adaptados, que possuírem as características que lhes conferem qualquer vantagem face aos outros; os menos aptos serão eliminados progressivamente;
existe uma selecção natural, processo natural, pelo qual só os seres mais aptos a determinadas condições do meio sobrevivem – “sobrevivência do mais apto”;
os indivíduos mais bem adaptados vivem durante mais tempo, reproduzem-se mais, transmitindo as suas características à descendência, ou seja, á uma reprodução diferencial;
a acumulação de pequenas variações ao longo do tempo, determina a longo prazo, a transformação e o aparecimento de novas espécies.
NEODARWINISMO
Com os dados revelados por diversas ciências como genética, paleontologia, embriologia, biogeografia e taxonomia, surgiu a Teoria Sintética da Evolução ou Neodarwinismo, que assenta em três pilares:
a existência de variabilidade genética nas populações, consideradas como unidades evolutivas;
a selecção natural como mecanismo principal da evolução;
a concepção gradualista que permite explicar que as grandes alterações resultam da acumulação de pequenas modificações que vão ocorrendo ao longo do tempo.

